Somos as histórias que contamos para nós mesmos...
O que acontece mesmo, pouco importa.
Importa o que fica. O que deixamos que fique. O que...
Inventamos que ficou, ou que aconteceu.
Já que o ser humano se relaciona muito mais com o que o corpo consegue perceber do que com o que realmente existe.
O fantástico mundo de Bobby na verdade é um desenho totalmente coerente sobre o universo infantil... E adulto. A diferença é que a criança fantasia com coisas mais divertidas, não com o seu próprio sofrimento.
“Quem é feliz sempre, e nunca sofre, padece de uma grave enfermidade e precisa ser tratada a fim de aprender a sofrer. Quem não sofre, quando há razões para isso, esta doente. Mas sabedoria é saber sofrer pelas razões certas.” Rubem Alves.
Há quem padeça de excessos. E nesse caso me soam muito compreensíveis, quase saudáveis alguns tipos de drama. Principalmente os que culminam em literatura, outro tipo de arte ou ação (construtiva) Acaba sendo útil pra gente e pro outro, que acaba encontrando abrigo na dor alheia, e assim, conforto para continuar existindo.
No filme “Nome próprio” a personagem Camila (interpretada por Leandra Leal) é escritora, e padece de excessos. Excessos de sentir, excessos de ser.
Às vezes a alma é muito grande e se espreme num corpo medíocre, ou ás vezes cabe tanta coisa no corpo e na alma... Que não se sabe nem por onde começar.
Camila vive e escreve, ou escreve o que vive e seu viver acaba sendo também um pouco inventado pela escrita de suas próprias mãos. Talvez sofra para poder escrever ou não haverá razões para a escrita.
Ela se autodestrói, para poder sentir dor.
Para poder sentir alguma coisa. Quando em nada mais há sentido.
Porém, também temos mania de sofrer. Com coisas que nunca vão acontecer, com coisas reais (mas sempre perdemos a medida) e sofremos até com o sofrimento dos outros! Sofrer, embora dê trabalho (principalmente para os outros) é muito cômodo.
Pois quem sofre não age.
“Em regra funciona da seguinte maneira: somos autorizados a fazer pouco ou nada para que a situação mude porque o sofrimento de nossa consciência nos absolve.” Contardo Caligaris - escritor e psicanalista.
Sofrer ou não sofrer eis a questão.
Se for sofrer sofra com “finura” e siga as dicas abaixo:
_Leia “O morro dos ventos uivantes”.
_Leia “Carta para além do muro” do Caio F Abreu ouvindo Tatuagem de Chico Buarque.
_Leia “Os sofrimentos do jovem Werther”.
_Ouça “Sonata ao luar” de Beethoven e “Hurt” de Johnny Cash.
_Saiba admitir o quanto o sofrimento pode ser ridículo e o leve às ultimas consequências, como descer a serra cantando Fagner aos berros na janela.
E depois...
_Coma algo bem gostoso.


