“Absurda e mexicana e encerrada em si e independente do que a despertara: A paixão” Caio F. Abreu
A realidade que eu vejo e acredito foi construída de tal forma que é diferente da “realidade” de qualquer outro. Quando digo “realidade” me refiro à nossa visão de mundo.
No fundo, estamos sempre escolhendo no que acreditar.
“Ninguém a outro ama, se não que ama
"O que de si há nele" Ricardo reis
E na paixão, cheios de expectativas, acreditamos que o outro é: 1- Tudo o que somos 2- Tudo o que fomos 3- Tudo o que queríamos ser.
Ou, um pouco de cada. E, talvez, na forma como lidamos com a realidade que é imposta a cada encontro (por mais perfeito que pareça) surja, nasça, ou se construa o amor...
Ou não.
Mas, independente do objeto da nossa paixão muitas vezes o mais interessante é se apaixonar.
O outro é só um pretexto. Por isso a paixão age em nós como um vício e às vezes escolhemos quase que conscientemente alguém apto para ser alvo de nossa paixão.
O outro é só um pretexto. Por isso a paixão age em nós como um vício e às vezes escolhemos quase que conscientemente alguém apto para ser alvo de nossa paixão.
Resumindo: O outro acaba sendo um coitado qualquer que é obrigado a atingir nossas expectativas inatingíveis.
A gente se frustra ao perceber que o outro simplesmente não é o que queríamos (inventamos) e bota a culpa no outro e não em nós mesmos.
A gente se frustra ao perceber que o outro simplesmente não é o que queríamos (inventamos) e bota a culpa no outro e não em nós mesmos.
Tem uma cena ótima do terça Insana, onde a personagem da esposa frustrada conta que a paixão é como aquelas imagens gigantes de papelão, onde tem um buraco no lugar do rosto da pessoa e você substitui pelo seu pra tirar a foto.
Uma imagem de papelão do Ronald Mcdonald por exemplo.
O objeto da sua paixão é um coitado qualquer que se encaixa nas suas expectativas e desejos (corpo do Ronald Mcdonald) você vai lá, segura no cabelo do coitado e “táca” a cara dele no buraco. E depois ainda acha ruim se não encaixa.
Ok... Tudo bem, a paixão também pode ser algo muito bonito que acontece do nada e transforma nossas vidas. Mesmo que às vezes dure um dia, ou uma noite. Afinal, qualquer coisa que nos traga mais vida é sempre boa.
Mas, na falta de uma relação, a gente encontra pretextos para sentir palpitação, desejo, estímulo para existir de uma forma onde a gente só existe ou “acontece” na relação amorosa.
Coisa que a gente faz com maestria na infância ou adolescência.
Quando o rapaz da padaria te dá um oi e você tem certeza (ou finge ter) de que ele nutre uma paixão secreta por você, e isso te basta para ir para escola mais feliz.
Quando o rapaz da padaria te dá um oi e você tem certeza (ou finge ter) de que ele nutre uma paixão secreta por você, e isso te basta para ir para escola mais feliz.
O filme, de 2002 (estrelado por Amelie Poulain, digo, Audrey Tatou): À la folie... Pas du tout
Fala, na verdade, de algo muito mais sério: A erotomania, também conhecida como síndrome de Clérambault.A erotomania está no contexto de esquizofrenia,e consiste na convicção delirante de uma pessoa que acredita que outra pessoa está secretamente apaixonada por ela.
Quem sofre da síndrome normalmente acredita que o objeto de sua paixão se comunica com ela sutilmente atravéz de gestos, postura, enfim, uma linguagem beeem subjetiva...
Achei uma definição muito boa onde diz que a erotomania é o delírio de ser amado, ao contrário do ciúme que seria talvez o delírio de não ser amado.
No filme, essa questão é muito bem retratada.
A "Amelie" é sempre encantadora, e o filme surpreende muito utilizando o recurso de flashbacks para que possamos ver as diferentes visões de cada "realidade".
Trazendo assim, uma reviravolta na nossa própria visão da história.
A "Amelie" é sempre encantadora, e o filme surpreende muito utilizando o recurso de flashbacks para que possamos ver as diferentes visões de cada "realidade".
Trazendo assim, uma reviravolta na nossa própria visão da história.
A visão de cada personagem a respeito de uma mesma situação, de um mesmo gesto, é totalmente oposta. Pra não dizer assustadoramente oposta.
Qual é a verdadeira? Se não acreditamos no que uma pessoa sente o sentir dela é menos verdadeiro?
Nesse caso, a realidade então seria o consenso da maioria?
Um ótimo filme, e vale ressaltar que apesar dele surpreender o tempo todo, ainda sobra um pouquinho pra você ficar muito “passado” com o momento final.
Sendo assim, acredito que na verdade todos inventam.
Cada vez mais conscientemente.
Não tenho sonhos eróticos com o cara do comercial de desodorante ou acredito que quando um bonitão fala na tv: “Devassa” Ele esteja falando pra mim... Mas, acredito que no nosso cotidiano a gente tende a incrementar a rotina inventando “paixõezinhas” com pessoas cujo nome daqui a algum tempo nem vai lembrar. Com pessoas que a gente sabe que no fundo não tem nada a ver e não vai dar em nada. Como por exemplo, o cara do metrô (que você tem certeza que ele está saindo mais cedo do trabalho só pra pegar metrô com você), a recepcionista do dentista (Que pediu seu telefone pra te ligar e não pra ter no cadastro), aquela pessoa que te presta algum serviço mas, vocês só se falam por telefone, ela tem uma voz incrível, mas você sabe que o legal da história é justamente ficar só nisso e nunca descobrir se ela tem 70 anos e é casada.
Claro que, cada caso é um caso e tudo tem que ter uma medida.
Se inventamos “paixõezinhas” por falta do que fazer, porque é natural e orgânico, ou por que no fundo também temos medo de lidar com a realidade e levar uma bota já é outra questão.
Segue abaixo minha lista (e sugestão) de 5 musicas preferidas no quesito bregas apaixonadas.
Caminhoneiro – Roberto Carlos
Meu dengo – Roberta Miranda
I just call to say I love you – Stevie Wonder
Eternal flame – The bangles
Caça e caçador – Fábio Junior


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